Da aspiração ao progresso espiritual e da prática do serviço altruísta vem a energia que, indiretamente, dissolve todo e qualquer medo ou culpa, pois o Eu Espiritual começa a fluir, a curar e a regenerar as zonas obscuras da consciência.
A segurança interior vem do bem praticado; segundo a lei de causa e efeito, esse bem repercute na própria pessoa que o fez, eliminando-lhe os temores sem que para isso tenha de analisar o motivo deles, descobrir suas origens.
O MEDO DO FRACASSO
Advém de estarmos identificados em demasia com a personalidade e vivermos em ambientes que nos depreciam. Habituados pela educação normal, doentia, a comparar-nos e a confrontar-nos com os semelhantes, é comum ficarmos insatisfeitos com nossas possibilidades. Na realidade, cada um é útil com suas próprias qualidades e dotes, e as qualidades dos demais têm outra serventia.
O sentimento de inadequação pode demonstrar que visamos a algo que não nos é destinado no momento. Se estivéssemos canalizando a atenção e energia para a tarefa imediata que nos cabe, veríamos estar preparados para desempenhá-la corretamente: de nada mais precisaríamos além da total entrega ao serviço.
Mas o sentimento de inadequação pode também resultar da imensa necessidade planetária. Dado o número insuficiente de pessoas disponíveis para ajudar na grande obra evolutiva a ser realizada na Terra, às que estiverem dispostas a servir são oferecidas as oportunidades que exigem capacidade bem maior do que as por elas manifestada. É que se conta com seu potencial oculto. Assumi-las com coragem atrai uma força desconhecida, que dissolve o medo de fracasso logo que desponta.
Aceitar sem receio, trabalhos mais complexos do que os de hábito, cura-nos dessa espécie de medo, desde que as circunstâncias para realizá-los venham dos níveis superiores do ser e não de impulsos engendrados pela ambição.
Se fizermos o que for necessário na ocasião propícia e conforme nossa mais elevada consciência e se entregarmos à Vida Universal o resultado das nossas ações, liberamo-nos do sentimento de inadequação.
O SENTIMENTO DE CULPA
É próprio de quem não manifesta, na prática, o potencial que já reconhece existir dentro de si. À medida que esse potencial interno é percebido, podemos ou não abrir-nos para expressá-lo e, dependendo da nossa atitude, vem-nos o sentimento de culpa ou o de liberdade.
Ninguém é responsável por não buscar transformar o que não está percebendo ser necessário, mas, a partir do momento em que reconhece seu próximo passo na caminhada evolutiva, precisa dá-lo. Quando o faz, advém-lhe uma paz inexplicável. Ademais, cada indivíduo que assume seu próprio potencial faz com que se acelere o desenvolvimento de muitos outros. Isso acontece devido a uma misteriosa rede universal de energias com a qual todos estamos conectados.
Mas é bom lembrar, por outro lado, que ninguém pode expressar o que ainda não é. A qualidade das escolhas depende do ponto evolutivo de cada ser. Se refletirmos assim, que restará do sentimento de culpa? Ver que não mais faríamos o que fizemos ontem é sinal de progresso, e não motivo de pesar.
Um ato desequilibrado, se reconhecido como tal, leva-nos a detectar o que temos de corrigir em nós. O remorso é uma distorção de um sentimento positivo, que é a gratidão de perceber a mudança a ser feita. Demonstra que não nos decidimos ainda por ela. Quando passamos a agir de modo diferente, quando transformamos nossa atitude, equilibramos atos passados e o remorso já não tem razão de existir.
( extraído do boletim Sinais de Figueira de Trigueirinho )